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NOTA EM RESPOSTA À ASSESSORIA DE IMPRENSA DA CETESB E AOS SEUS DEPOIMENTOS NA MÍDIA
“Antes de mais nada, esclarecemos que as bases científicas do referido estudo não nos parece sólida, portanto, não temos condições para opinar a respeito. Desconhecemos os pressupostos desse levantamento e a sua metodologia utilizada, mesmo que a direção da ONG Saúde e Sustentabilidade, autora do documento, afirme que utilizaram os dados de monitoramento da CETESB para desenvolvê-lo. Acontece que o poluente estudado (MP 2,5 – Partículas Finas) para fazer as previsões contidas na conclusão do estudo, não é monitorado na cidade, ficando prejudicado qualquer manifestação da nossa parte.”
Prezados Srs.,
Recebemos, com certa surpresa e tristeza, as respostas e manifestações da Cetesb frente ao estudo Avaliação do Impacto da Poluição Atmosférica no Estado de São Paulo sob a Visão de Saúde. Surpresos por que o seu depoimento não condiz com a sua postura no Seminário Mobilidade Urbana e Efeitos sobre a Saúde: Poluição do Ar, realizado na Câmara Municipal em São Paulo no dia 23 de setembro, onde esteve presente de forma colaborativa e assistiu a apresentação da pesquisa e seus resultados. Em sua fala, o representante da Cetesb manifestou que a mesma entrega os seus dados de monitoramento à comunidade para realização de estudos e que considerou a iniciativa louvável em prol da mobilização para a melhoria de saúde. Não questionou a metodologia realizada, nem mesmo a disponibilidade de dados.
Diante de sua manifestação de que a metodologia do estudo não parece ser sólida, é necessário, neste momento, fazer alguns esclarecimentos. Entendemos que a Cetesb esteja mais capacitada para realizar medidas ambientais do que provisões de risco em saúde.
A metodologia segue rigorosamente os preceitos científicos e foi baseada nas diretrizes da Organização Mundial de Saúde para poluição do ar, o Relatório Air Quality Guidelines – Global Update 2005, um exaustivo esforço e extenso estudo mundial – sugerimos a leitura do Capítulo Material Particulado – página 217, e ítem Metodologia, página 244.
Além disso, inserimos anexos aqui, alguns estudos sobre PM2,5, sua relação e seus efeitos sobre a saúde publicados nos periódicos mais renomados e de maior impacto em saúde como Nature Oncology, Lancet e New England Journal of Medicine, os quais não poderiam ter sido realizados se não fossem utilizadas a mesma metodologia que não lhes pareceu sólida. As críticas ao Instituto Saúde e Sustentabilidade, ao estudo e aos pesquisadores, neste caso, deveriam também ser enviadas a OMS, e às revistas que publicaram os artigos mencionados.
Tristes, porque acreditávamos no apoio e parceria deste renomado órgão – o estudo apresenta dados claros e importantes de malefícios da poluição do ar à saúde pública, e que, acreditamos, apenas desta forma, possa embasar decisões públicas mais urgentes dos municípios do estado de São Paulo em benefício da melhor qualidade de vida de seus habitantes, menor adoecimento e mortes.
Fizemos um trabalho complementar ao da Cetesb, em prol da sociedade e temos orgulho em mostrar que fizemos exatamente o que o US EPA – Environmental Protection Agency, órgão nacional de proteção ambiental americano faz – Environmental Benefits Mapping and Analysis Program (BenMAP) .
Esperamos que este descompasso seja resolvido satisfatoriamente em benefício da melhoria da qualidade do ar e a saúde da população do Estado.
O Relatório do estudo encontra-se a disposição no link https://www.saudeesustentabilidade.org.br/site/wp-content/uploads/2013/09/Documentofinaldapesquisapadrao_2409-FINAL-sitev1.pdf
No mais, colocamo-nos a disposição para maiores esclarecimentos que julgarem necessários.
Evangelina Vormittag e Paulo Saldiva
ANEXOS
2. Air pollution: a potentially modifiable risk factor for lung cancer
3. Global association of air pollution and heart failure: a systematic review and meta-analysis